SUINOCULTURA
S.O.S. Suínos
Informativo Técnico 19
Carnes
de porco e frango podem se tornar artigo de luxo
GREGORY MEYER
DO "FINANCIAL TIMES",
As
carnes de porco e frango passarão a custar caro, dada a combinação da seca e da
política do álcool nos Estados Unidos que produzirá um "desastre" no
mercado de milho, afirmou o executivo que comanda a maior produtora mundial de
carne suína.
O
custo dos principais ingredientes na ração animal --milho e farelo de soja--
atingiu recordes este mês, quando a pior seca em 50 anos causou dano extremo às
safras dos Estados Unidos, país que produz o maior excedente agrícola mundial.
EUA preveem forte alta no preço
dos alimentos por conta da seca
"A
carne bovina será cara demais para comer. A de porco não ficará muito para trás.
A de frango está se aproximando rapidamente do mesmo patamar", disse Larry
Pope, presidente-executivo da Smithfield Foods. "Vamos mesmo tirar a proteína dos
norte-americanos?"
Analistas
da Smithfield acreditam que a safra de milho dos
Estados Unidos terá rendimento inferior a 350 bushels
(cada bushel de soja equivale a
O
governo norte-americano prevê rendimento médio de 365 bushels
por hectare.
"Vou
usar a palavra catástrofe --é essa a minha definição", disse Pope em
entrevista ao "Financial Times".
Os
produtores de carne sentem pressão imediata quando o preço da ração dispara. O
segmento de produção de carne de porco da Smithfield,
que tem ações negociadas na Bolsa de Nova York e vendeu 15,8 milhões de suínos
no ano passado, registrou queda em sua margem bruta de lucro com a alta do
custo das matérias-primas no ano fiscal encerrado
Pope
diz que a companhia utilizou o mercado futuro para garantir os custos da ração
"até a primavera de 2013". Ele teve de defender sua posição em uma
reunião do conselho em 18 de junho, antes que o milho disparasse para o recorde
de US$ 8 por bushel.
"Eu
achava que milho a US$ 6 era o fim do mundo", disse Pope, que trabalha na Smithfield há mais de três décadas. "Jamais imaginaria
que ficaria agradecido por poder comprar a US$ 7".
O
mundo está se preparando para uma repetição da crise de alimentos de 2007/2008,
com o efeito da pior seca norte-americana em 50 anos sobre os preços das
commodities agrícolas básicas.
A
maioria dos analistas antecipa que o setor de carne suína responda aos preços
de ração mais altos reduzindo o número de animais mantidos. Pope alertou que os
preços nos Estados Unidos subiriam "na casa dos dois dígitos", ou
mais de 10% anuais.
Como
outros executivos dos setores de pecuária e criação de aves, Pope apelou à
Agência de Proteção Ambiental (EPA) pela suspensão do Padrão de Combustível
Renovável, uma disposição legislativa que requer que mais de 48 bilhões de
litros de álcool de milho sejam usados pelo setor de transporte este ano.
O
Departamento da Agricultura norte-americano estima que quase 40% da safra de
milho dos Estados Unidos esteja sendo consumida pelas
refinarias de etanol.
"É
quase como um desastre ordenado pelo governo, e isso é perturbador", disse
Pope. "A EPA tem autoridade administrativa para suspender a norma, e
deveria usá-la. Deveria agir já", ele afirmou.
Tom
Vilsack, secretário da Agricultura dos Estados
Unidos, declarou oposição à suspensão da norma, que é popular nos Estados que
cultivam milho.
A
Associação de Combustíveis Renováveis, uma organização setorial, afirmou que
"acreditamos firmemente que qualquer pedido para que a EPA suspenda a
norma será rejeitado de imediato. A flexibilidade que as regras já oferecem às
partes que precisam acatar a instrução é considerável. Se somada à
disponibilidade de etanol e à produção atual, não há motivo para que a EPA aja.
O mercado vai racionar o suprimento --já o está fazendo".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
ATT.
Jose Roberto T.Fernandes
CONSU-AGRO LTDA
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