IMPORTÂNCIA DOS SUÍNOS NA TRANSMISSÃO DE
ZOONOSES – PARTE I
INTRODUÇÃO
Utiliza-se a definição de zoonose
para todas aquelas doenças que são transmitidas entre os homens e os animais. A
transmissão de doenças pode ser facilitada quando são utilizados métodos
intensivos de produção, concentrando um grande número de animais. Nessas
situações, um agente patogênico pode se alastrar rapidamente na população
animal, podendo alcançar inclusive o homem. Por essas razões é que se tem
grande preocupação no diagnóstico e controle das zoonoses,
principalmente em criações intensivas, como na suinocultura.
Até o momento, existem mais de 40
zoonoses relatadas envolvendo suínos, sendo algumas de etiologia bacteriana ou
viral e outras parasitárias. No primeiro grupo estão a meningite
estreptocócica, influenza, micobacterioses,
brucelose, erisipelose, leptospirose
e salmonelose. As parasitárias incluem a triquinelose, tungíase, toxoplasmose
e cisticercose. Existem outras zoonoses de importância relativamente menor no
nosso meio, como as causadas por Bacillus anthraxis, Clostridium
perfringens, Cytomegalovirus,
Pasteurella multocida,
Brachyspira pilosicoli,
Staphylococcus spp. e Yersinia
spp.
MENINGITE ESTREPOCÓCICA
A meningite estreptocócica é uma
doença infecto-contagiosa que atinge principalmente leitões nas fases de
maternidade, creche e recria-terminação. O agente etiológico é o Streptococcus suis (S. suis), sendo
atualmente, um dos patógenos mais importante nas
criações tecnificadas de suínos. O S. suis
apresenta 35 sorotipos, porém nem todos têm a mesma virulência. O agente está
disseminado em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde o sorotipo mais
prevalente é o 2.
O habitat natural do S. suis é
o trato respiratório superior (tonsilas e cavidade nasal), trato digestivo e
genital. Geralmente, a doença é introduzida nos rebanhos através de suínos
portadores clinicamente sadios (leitoas de reposição, cachaços e leitões para
engorda). Os focos costumam aparecer quando animais suscetíveis, sob condições
de estresse, são expostos ao agente eliminado pelos suínos portadores.
No homem, a meningite estreptocócica
é considerada uma doença profissional, atingindo geralmente pessoas que
trabalham em contato direto com suínos (veterinários, produtores,
açougueiros, trabalhadores de frigoríficos). As manifestações mais comuns em
humanos são a meningite, seguida por septicemia e endocardite. A maioria dos
casos em humanos é atribuída ao tipo capsular 2, que é o de maior ocorrência no
Brasil. A rota mais freqüente de transmissão é através de lesões na pele.
MICOBACTERIOSES
As micobacterioses
dos suínos são infecções que provocam lesões granulomatosas
localizadas principalmente, nos linfonodos
mesentéricos e da cabeça. São provocadas por bactérias do gênero Mycobacterium. As micobactérias
são classificadas em dois grupos: as tuberculosas, que são M. bovis e M. tuberculosis,
e as não-tuberculosas ou atípicas, incluindo-se M. avium,
M. intracellulare, M. fortuitum,
M. scrofulaceum e M. silvaticum,
entre outros. Suínos são suscetíveis à infecção por M. tuberculosis, M. bovis
e M. avium.
A ocorrência de infecção por micobactérias em suínos
está relacionada com a possibilidade de contato direto ou indireto com bovinos,
humanos, aves ou outros suínos contaminados. A principal via de infecção para
os suínos é a digestiva, através da ingestão de leite ou produtos lácteos
contaminados, resíduos de alimentos, fezes de aves ou de bovinos. O contato com
solo, água e materiais usados para cama, como a serragem ou a maravalha, pode ser fonte de contaminação, principalmente,
pelo M. avium.
Suínos infectados pelo M. avium apresentam
lesões que normalmente ficam limitadas aos linfonodos
do sistema digestivo e da cabeça. As lesões causadas por M. bovis e M. tuberculosis,
geralmente, provocam lesões disseminadas em outros órgãos como fígado, baço e
pulmão. Porém, macroscopicamente é muito difícil diferenciar as lesões causadas
pelas diferentes micobactérias.
BRUCELOSE
A brucelose é uma doença de origem
bacteriana, que causa transtornos reprodutivos, tais como aborto, endometrite, orquite, perda da
libido e infertilidade. O agente etiológico mais comum na brucelose suína é a Brucella suis, que é
subdividida em 5 sorotipos. O suíno é o hospedeiro mais freqüente para os
sorotipos 1 e 3. Já a B. abortus também
pode infectar os suínos.
A doença apresenta uma morbidade
alta, que se situa entre
O homem se contamina através do
contato direto com animais infectados ou indiretamente, através da ingestão
de produtos de origem animal ou, mais raramente, por inalação de aerossóis.
A brucelose suína tem um risco proporcionalmente maior que a brucelose bovina,
pois apresenta um maior grau de patogenicidade
para humanos. Em suínos doentes, existe um grande número de B. suis
nos tecidos, proporcionando uma grande área de exposição para as pessoas que
estão em contato com suínos. A infecção por B. suis em humanos é uma doença
ocupacional, atingindo produtores, veterinários e trabalhadores de
frigoríficos. É uma enfermidade septicêmica, que
começa de forma brusca, manifestando-se com febre contínua ou intermitente, com
calafrios e suor intenso. Cursa com irritação, nervosismo e depressão. Os
sintomas mais comuns em humanos são insônia, impotência sexual, constipação,
anorexia e dores generalizadas.
Figura 1: Orquite
em cachaço, causado por Brucelose.
Fonte: Retirado do site Suinocultura
em foco.
ERISIPELA
A erisipela, também conhecida como
ruiva, é uma enfermidade do tipo hemorrágica, causada pela bactéria Erysipelothrix rhusiopathiae,
um bacilo gram-positivo.
O principal reservatório do E. rhusiopathiae é o suíno
doméstico. Entretanto, mamíferos selvagens e pássaros também podem ser fonte de
infecção. É estimado que 30 - 50% dos suínos sadios alojam o E. rhusiopathiae nas tonsilas e
outros tecidos linfóides, e podem eliminar a bactéria nas fezes e secreções oronasais, criando uma importante fonte de infecção. As
bactérias contaminam o solo, a água, a cama e os alimentos, que servem como
fonte de infecção. A penetração do agente ocorre pela ingestão de alimentos ou
água contaminados, bem como através de ferimentos na pele. Em suínos, a doença
é caracterizada por septicemia, lesões cutâneas (figura 2), poliartrites,
lesões nas válvulas cardíacas, pode ocorrer aborto e lesões de células espermiogênicas. Em humanos, E. rhusiopathiae causa o erisipelóide,
uma lesão eritematosa e edematosa de pele localizada (geralmente nas mãos e
dedos), podendo haver inflamação nas articulações da região. É caracterizada
como uma doença ocupacional, infectando pessoas que trabalham com manipulação
ou processamento de carne, agricultores, veterinários, trabalhadores de
curtumes e laboratoristas.
Figura 2: Lesões cutâneas em suíno,
características de erisipela.
Fonte: Retirado do site Suinocultura
em foco.
Texto de Ana Maria Jung Vargas,
Fernando Bortolozzo, Ivo Wentz
e Marisa Cardoso, no site Suinocultura em foco.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO
DIAS |
S16 |
ISOLAMENTO-Streptococcus suis Material:
Cabeça ou swab do sistema nervoso central, auticulações
e pulmão. |
5 |
HISTO CE |
HISTOPATOLOGIA - COLORAÇÃO
ESPECIAL (BAAR, Zichl-Neelsen para micobacterioses) Material:
linfonodos, fígado, baço e pulmão. |
7 |
S04 |
BRUCELOSE SUINA – AAT Material:
Sangue total ou
soro. |
2 |
S38 |
ERISIPELOSE (RUIVA) SOROLOGIA Material:
Sangue total ou
soro. |
3 |
S02 |
Leptospira Material:
Sangue total ou
soro. |
4 |
A18/S |
PESQUISA DE Salmonella
SUINA Material:
Swab retal ou fezes. |
5 |
S61 |
TOXOPLASMOSE
Material:
Sangue total ou
soro. |
2 |
S23 |
EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES Material:
Fezes recentes |
1 |
BIO |
HISTOPATOLOGIA -
BIOPSIA Material:
Músculo ou órgãos
com suspeita de cisticercos, em formol 10% |
5 |