Suinocultura:
Informativo Técnico 192
Conforto Térmico.
Estamos cada vez mais nos preocupando com o material genético que usamos na nossa granja; qual o mais produtivo; preocupamo-nos com a qualidade das matérias-primas, que utilizamos nas nossas rações, corremos atrás diariamente das margens e custos de produção, mas estamos nos esquecendo do ambiente que oferecemos aos nossos animais, esquecemo-nos do conforto ambiental. O título deste trabalho de conforto térmico, servirá pelo menos para ilustrar e alertar o desconforto com o calor, em função da região centro-oeste brasileiro para onde vem migrando a suinocultura brasileira dos estados do sul; para o Brasil Central; e os erros que tem sido cometidos com algumas granjas, extremamente fechadas, paredes muito altas, pé direito muito baixos, coberturas de amianto, ou alumínio, com ventilação deficiente, e as vezes o plantio de cercas vivas muito próximas dos barracões.
Veja quadro temperaturas médias: (máximas)
Neste levantamento, foi tomado as médias MÁXIMAS, que é o que nos preocupa, de algumas granjas, nos estados do Tocantins, Goiás e Mato Grosso, nos últimos dois anos. (medidos dentro do barracão de gestação).
A preocupação é que temos temperatura de 38º ou mais, à sombra, dentro de um barracão de gestação, e normalmente temos dias seguidos com temperatura mínima acima de 28º no período, entre 8 horas da manhã e 18 horas, o que convenhamos é extremamente quente, já bem acima do limite máximo de conforto ambiental.
Devemos considerar que, com temperaturas acima de 28º já estamos entrando no nível de stress calórico, andamos no fio da navalha para nos depararmos com problemas no plantel, como:
Reprodutores: Morte súbita, falta de libido, baixa qualidade de sêmen, infertilidade.
Matrizes Gestantes: Inicio de gestação, poderão apresentar repetição de cio, anestro, reabsorção embrionária, abortos. Média gestação (40 a 80 dias) poderão abortar. Final da gestação (81 a 114 dias) teremos inapetência, abortos, morte súbita, baixo número de leitões nascidos.
Matrizes Lactantes: Partos demorados e maior número de natimortos. Apresentam uma queda no consumo de ração de mais de 30%, afetando diretamente a produção de leite, a qualidade dos leitões, na maternidade e desmamados.
Leitões na Creche: Em ambientes de creche com temperaturas acima de 30º observamos com alguma regularidade uma queda no consumo de ração de mais de 25% e seguramente o desempenho também fica seriamente comprometido.
Recria e Terminação: Nestes barracões, com temperaturas acima de 28º observamos também queda no consumo de ração, baixo desempenho, canibalismo, e mortes súbitas.
Sabemos que os suínos são animais de sangue quente, e um animal irradia no ambiente 1 watt por quilo de peso vivo, isto representa em uma granja de 100 matrizes onde temos por volta de 600 cevados no barracão de terminação com um peso médio de 66,6 kg = 39.960 kg de suínos que seria igual a 400 lâmpadas de 100 watts acesas neste ambiente. (este mesmo exemplo) poderemos usar na gestação, quantos Kg de suínos vivos, (animais) temos na gestação, e como está a temperatura média (mais alta), que é o que nos preocupa mais aqui nos Estados do Centro Oeste.
Para o Brasil Central determinamos os limites para temperatura máxima dentro de uma suinocultura. | |||
Gestação: | 20º à 22º | ||
CIA cobrição e áreas p/ reprodutores | 18º à 20º | ||
Maternidade | Matriz | 20º à 22º | |
Leitões (creep) | 1a semana | 30º à 32º | |
2a semana | 28º à 30º | ||
3a semana | 26º à 28º | ||
Creche | 1a semana | 28º | |
2a semana | 25º | ||
3a semana | 22º | ||
Recria | 22º | ||
Terminação | 22º |
Os parâmetros acima são aceitáveis dentro de um limite de conforto térmico para granjas no Brasil Central.
Recomendações para amenizarmos o problema de stress calórico.
Manter as cercas de isolamento (cerca viva) eucalipto, sanção, etc. à pelo menos 70 metros dos barracões.
Construções bem arejadas, com pé direito de pelo menos 3,5 metros. Cobertura de telha de barro ou telhas de papel betuminado.
Paredes o mais baixo possível e usar grades, de ferro, ou cano, arame, ou paredes vazadas para melhorar a ventilação.
Usar barracões com beiral mais largos 0,80 a 1 metro.
Em barracões com mais de 8 metros de largura usar lanternins ou ventiladores eólicos, para melhorar a troca de ar do ambiente (saída do ar quente próximo do teto).
Construções dos barracões no sentido leste-oeste.
Deixar um espaço entre barracões, de pelo menos duas vezes a largura do barracão mais largo. Molhar diversas vezes ao dias os corredores e paredes internas dos barracões.
Manter gramado o espaço entre barracões, para evitar a refração dos raios solares, nas partículas de areia (terra) que funcionam como um espelho e refletem os raios solares para dentro do barracão, causando queimaduras nos animais mesmo na sombra.
Evitar pinturas de paredes dos barracões (interno e externo) de branco, que refletem muita luminosidade, use cores neutras, como um beje, ou marrom bem claro, ou ainda creme.
Pintar os telhados principalmente os de amianto (externamente) de branco para refletirem melhor os raios solares, e internamente de creme, amarelo claro.
Instalar ventiladores e bicos nebulizadores no interior dos barracões, principalmente nos barracões de reprodutores e gestação.
Instalar aspersores no teto (externamente) para molhar os telhados e diminuir a temperatura interna dos barracões.