Suinocultura.

S.O.S. SUÍNOS

Informativo Técnico Nº 41

Controle Sanitário:

Equilíbrio sanitário, a condição para uma criação de suínos bem sucedida. Questionamos a afirmação acima com duas outras perguntas. Quando um suíno é saudável ? Ou ainda; Quando uma criação é sadia ? Não existe seguramente uma resposta curta para estas perguntas. E poderíamos afirmar que estas respostas estariam acompanhadas de diversos "se" e deveríamos levar em consideração a produtividade, e a eficiência de crescimento dos animais. Saúde sem produtividade é impensável para um animal de reprodução. Assim como saúde; sem eficiência de crescimento também é inconcebível. Há muito tempo estamos acostumados a medir a saúde de acordo com o grau de produtividade e com a eficiência de crescimento. Esta concepção tem sido abertamente combatida pelas sociedades protetoras dos animais em todo o mundo que também zelam pelo bem estar dos animais. Nem todas as criações associam produtividade e eficiência de crescimento ao em estar dos animais, mesmo que neste contexto, o significado do "bem estar" ainda não esteja bem definido. Quando, nesta situação indefinida, nos voltamos para uma posição. O que é mais importante: saúde com conforto e bem estar dos animais; ou algum problema sanitário, mas uma criação econômica, eficiente, e com bons índices de produtividade. Mais uma vez diante deste impasse podemos afirmar que nem uma situação e nem outra, e podemos definir da seguinte forma:

Saúde de um animal e ou rebanho é o estado de equilíbrio entre os fatores que levam à doença e a resistência dos animais a eles submetidos. Assim, "saúde" passa a ser um estado relativo, mas em função dos fatores causadores de doença ela pode ser avaliada.

Um rígido controle sanitário deverá ser dirigido para a eliminação ou repressão dos fatores adversos à saúde. Isto pressupõe que tendo experimentos ou experiências como base, sejam conhecidos os fatores que levam diretamente a doença ou que sob sua influência, haja um queda de resistência. Existe uma relação de fatores, geralmente considerados de quatro complexos causais, cuja ação se manifesta sob a forma de doenças ou de baixa produtividade, ou eficiência.

O conhecimento desta relação de causa-efeito permite aos veterinários, produtores, bem como funcionários das granjas combater diretamente os fatores que ameaçam a saúde, ou como seria o ideal, determinar o ambiente dos suínos e a sua carga genética de modo que não tivessem expostos aos fatores patogênicos.

Doenças infecciosas.

Apesar de todo o avanço em termos de higiene, desinfeção, vazio sanitário, conceitos já definidos em relação a limpeza do ambiente da granja, as infeções não deixaram de ser importantes. O que se modificou foi a qualidade das doenças infeciosas. Já à algum tempo nossas granjas deixaram de ser ameaçadas pelas doenças clássicas: (peste suína, erisipela, brucelose, salmonelose) e sim pelas doenças factuais, infecção denominada de cansaço das baias (fadiga de limpeza) ou ainda relaxite aguda, causada por germes específicos de determinadas criações, como por exemplo aqueles que acometem a matriz e os leitões na baia da maternidade.

Essas doenças infeciosas estão intimamente ligadas às condições de higiene e manejo. O seu controle ainda hoje infelizmente restrito aos antibióticos, só poderá ser bem sucedido quando se eliminarem os agentes microbianos causadores. E de hoje em diante deveremos declarar guerra às infecções, usando antibióticos, melhorando o manejo, limpeza, higiene, vazio sanitário, e ainda aumentando a resistência dos suínos.

Entre os fatores que contribuem para a disseminação de doenças infecciosas, os que merecem maior atenção são os que apresentam efeitos imunossupressivos. Neste contexto entendem-se todas as influências que atuam negativamente sobre os mecanismos de resistência próprios do organismo. Para os suínos, principalmente os elementos nocivos ingeridos com o alimento têm ação imunossupressiva. As micotoxinas, (metabólitos de fungos) estão em primeiro lugar. Assim uma ração contaminada por fungos é sempre um fator de alto risco, e nunca deveria ser fornecida aos suínos.

Erros de manejo.

Os erros de manejo podem advir de erros na construção e elaboração do projeto da suinocultura, ou ainda fatores alimentares. O que mais chama a atenção são os problemas causados pelo piso, pois levam rapidamente à inutilização dos animais com descartes precoce de animais de alto valor genético. Os erros alimentares e ambientais, no entanto levam a alteração do estado de saúde de curso mais lento. Eles só se manifestam de forma mais drástica na forma de canibalismo, mortes súbitas, baixo desempenho, animais refugados, quando existem teores altos de amônia ou umidade, e com ventilação deficiente dentro dos barracões. Ou quando percebemos um aumento repentino nos natimortos devido a intoxicação das matrizes, por monóxido de carbono liberado dos aquecedores a gás, nos últimos dias de gestação, ou quando detectamos presença de sementes: como fedegoso nas rações gestação.

A constatação de erros de manejo é uma tarefa muito importante e geralmente muito produtiva de competência do veterinário, que assiste a granja. Mas ao mesmo tempo não é gratificante, pois revela falhas pelas quais o suinocultor e responsável. Para que se possa ser convincente, tais falhas devem ser evidenciadas, (como velocidade do ar, correntes de ar), medidas (como gazes tóxicos, qualidade dos ingredientes usados nas rações, umidade do ar, temperatura, conforto térmico).

Erros alimentares.

Os erros alimentares decorrem da qualidade e quantidade dos nutrientes contidos em cada uma das fórmulas das rações, assim como níveis nutricionais, a maneira com as rações são administradas, assim como a presenças de produtos tóxicos, que são detectados nas rações por trocas de suplementos, erros na dosagens de medicamentos e ou antibióticos, podendo ocorrer overdose, assim como sub-dosagens, que em ambos os casos e extremamente prejudiciais, ingredientes contaminados, com micotoxinas, salmoneloses, e ainda impurezas, sementes de lavouras infestadas, como (mata pasto, fedegoso, mio-mio, entre outras), que eventalmente podem provocar abortos, repetição de cio, e ainda natimortos. Podemos ainda constatar erros de administração, podendo ser sub alimentação como super-alimentação , assim como erros de granulometria para cada fase de ração, rações extremamente finas nas fases de recria, e ou terminação, poderão provocar o aparecimento de úlceras gástricas. Adotar o procedimento de coletas periódicas de ingredientes, bem como rações prontas e envia-las para análise em laboratórios de confiança.

Erros administrativos.

Erros administrativos podem ter graves conseqüências. Os funcionários da granja devem ter um acompanhamento técnico para tomarem decisões dentro da ampla gama de responsabilidades que acumulam. Em termos de medicamentos, sejam injetáveis e ou medicamentos usados nas rações, o veterinário é que deve ser consultado, e definir: modo de usar, dosagens, período de tratamento e carência. A legislação permite que se forneçam medicamentos para funcionários da granja, para que ele possa conduzir programas sanitários e higiênicos, sob supervisão veterinária, e possa tomar medidas terapêuticas e profiláticas adequadas.

O controle sanitário na suinocultura, é um processo de monitoria permanente de observação, controle e acompanhamento de abates e sempre que possível promover necrópsias, conhecer o status sanitário da granja e ter conhecimento prévio dos problemas sanitários ocorridos nos últimos anos dentro da granja. Existe uma série de processos que se repetem, mas que podem ser levados à normalidade por medidas de eficácia comprovada. Do mesmo modo surgem diariamente situações novas, como novos problemas, há interrupções na rotina diária da granja, são descobertos déficits produtivos de implantação lenta mas clamam por soluções rápidas.

Em todos estes casos, a saúde do rebanho, e a produtividade do plantel, estão em jogo. Não existe outra alternativa que não a cooperação de veterinário, suinocultor, e funcionários da granja, para um busca sistemática dos erros e descobrimento dos pontos fracos. Os programas de prevenção mostram-se muito produtivos, mas devem ser adaptados e ajustados para cada situação, para cada granja e ou região, considerando às necessidades específicas de cada granja, e a capacidade técnica do gerente e ou encarregado da suinocultura, que ficará responsável, de operacionalizar todo o programa sanitário estabelecido, bem como o proprietário ficará com o ônus financeiro que irá representar para a granja.

sossuinos@uol.com.br


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