S.O.S. Suínos
Informativo Técnico nº 91
SUINOCULTURA
DIAGNÓSTICO DE CIRCOVIROSE SUÍNA: O QUE COLETAR E COMO COLETAR
INTRODUÇÃO
A modernização e
intensificação da criação de suínos aumentaram em muito o desafio por agentes
infecciosos, favorecendo o surgimento das “infecções de rebanho”, como a
circovirose suína.
Atualmente, a circovirose suína tem sido apontada como a doença de maior importância econômica nas principais áreas produtoras. O custo desta síndrome, além das mortes, deve-se ao declínio das taxas de crescimento, piora na conversão alimentar e elevação do núamero de suínos refugos e/ou debilitados. Para agravar o problema, a doença provoca imunossupressão e predisposição a infecções secundárias.
O circovírus suíno tipo 2 (PCV-2), agente etiológico da circovirose suína, está associado a diversos quadros patológicos como a Síndrome da Refugagem Pós Desmame (SRPD - quadro mais comum e importante), a Síndrome da Dermatite e Nefropatia Suína (SDNS), a Pneumonia Necrotizante Proliferativa, ao Tremor Congênito e ao Complexo da doença respiratória suína, além de falhas reprodutivas e enteropatias. Dentre as principais medidas de controle recomendadas estão os “20 pontos de Madec”, onde são enumerados uma série de ações de desinfecção, manejo, vazio sanitário e controle sanitário geral.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da circovirose suína baseia-se na associação de sinais
clínicos e lesões macroscópicas e histopatológicas,
concomitantes com a detecção de antígeno ou ácido nucléico viral
e análise dos índices da granja. Um rebanho é considerado positivo para circovirose suína quando achados patológicos e histopatológicos indicativos estão presentes ao mesmo tempo
em pelo menos um suíno examinado. A detecção viral atualmente pode ser
realizada através de técnicas de imunoistoquímica,
hibridização in situ e PCR.
SINAIS
CLÍNICOS
A SRPD afeta suínos na
fase inicial de crescimento, entre 5 e 12 semanas de idade, podendo acometer
rebanhos de alto padrão sanitário. Porém, é mais comumente encontrada em
granjas de ciclo completo e fluxo contínuo, e granjas de terminação de
múltiplas origens. A morbidade e a mortalidade variam de acordo com a fase que
o surto acontece e o manejo empregado, podendo alcançar 70-78% e 4-30%,
respectivamente. Os sinais clínicos incluem progressiva
perda de peso, baixa condição corporal, depressão, palidez cutânea, dificuldade respiratória,
linfadenomegalia generalizada, diarreia e por vezes icterícia.
Na necropsia, as lesões
mais marcantes (Figura 1) são pulmões não-colapsados e aumento dos linfonodos, principalmente inguinais, submandibulares, mesentéricos e do mediastino. No entanto, estas lesões não
estão sempre presentes e não podem ser utilizadas como o único marcador de
SRPD. Em uma baixa proporção de casos, os linfonodos
podem ter áreas multifocais à
coalescentes de necrose que são visíveis a olho nu.
Outras lesões graves incluem a redução ou aumento do tamanho do fígado, com áreas multifocais brancacentas, e rins aumentados com múltiplos focos brancacentos de diâmetro variável. Além disso, um elevado número de suínos afetados pela SRPD tem áreas de consolidação pulmonar crânio-ventral (broncopneumonia) e úlceras gástricas da pars oesophagica, que são normalmente associados à infecção bacteriana e de origem multifatorial, respectivamente, e não ao efeito direto da infecção por PCV-2.
Úlceras gástricas podem causar hemorragia interna, sendo a causa da morte em alguns animais, e podem também levar à anemia e palidez cutânea. A anemia, sem úlceras gástricas, também tem sido descrita como uma característica da SRPD em suínos severamente afetados. Finalmente, suínos com SRPD crônica podem desenvolver caquexia, com marcada perda de massa muscular e atrofia da gordura das serosas.
Figura1: Principais lesões anatomo-patológicas da circovirose suína.
Fonte: TECSA Laboratórios.
EXAME
HISTOPATOLÓGICO E IMUNOISTOQUÍMICO –
O que coletar E COMO ARMAZENAR
O material a ser coletado deve ser originado de animais demonstrando diferentes estágios da doença. Utilizam-se, principalmente, aqueles que apresentarem refugagem expressiva. Estes animais deverão ser submetidos ao procedimento de necropsia.
Os órgãos a serem coletados pelo médico veterinário irão variar em função das
alterações macroscópicas evidenciadas a campo. Mas, de um modo geral, deve-se coletar
linfonodos hipertrofiados, pulmões não colapsados
e/ou que apresentem sinais de espessamento dos septos inter-lobulares,
rins hipertrofiados e/ou com focos brancacentos multifocais
em sua superfície e fígado - que também podem apresentar áreas multifocais brancacentas.
Utilizando-se de uma
faca bem amolada ou bisturi, coletar um fragmento de aproximadamente
O armazenamento das amostras coletadas envolve a utilização de frascos de boca larga com solução de formol 10% na proporção de 1 porção do material para 10 porções de formol. Todo o material deve estar imerso no formol. O envio deve ser feito, de preferência em caixa de isopor sem gelo, lacrado e identificado.
PERFIL
SOROLÓGICO
Este bio-indicador pode
ser utilizado para determinar quando a infecção ocorre no rebanho através de
estudos longitudinais e transversais, devido à alta prevalência em animais
clinicamente saudáveis. A análise do perfil sorológico pode aumentar o conhecimento
da circulação viral e pode ser útil para a implementação de estratégias
de vacinação e controle mais eficazes. A pesquisa de anticorpos
anti-PCV-2 no soro é, atualmente, realizada por
testes ELISA.
O que
coletar E COMO ARMAZENAR AS AMOSTRAS PARA EXAME SOROLÓGICO
O
soro é obtido através do sangramento da veia cava (Figura 2) (com agulha de calibre
adequado ao tamanho do animal) e coleta-se
Importante: nunca congelar soro juntamente com o coágulo para enviar ao laboratório.
Figura 2 – Coleta de sangue da veia cava anterior
Fonte: www.suinosecia.com.br
Como remeter as amostras ao laboratório
Todos os frascos
contendo amostras devem ser identificados com caneta a prova d’água (caneta de retroprojetor)
com a identificação do animal e órgão de origem. Na solicitação de exames deve
constar o nome da granja, a idade dos animais, suspeitas clínicas e histórico
de doenças e vacinações.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S18 |
NECROPSIA |
02 |
BIO |
EXAME
HISTOPATOLÓGICO |
05 |
S83 |
IMUNOISTOQUÍMICA
PARA PCV-2 |
05 |
CRIANDO UM CAMPEÃO
INTRODUÇÃO
Para se criar suínos
campeões é necessário uma boa genética, muito cuidado, um excelente programa de
nutrição, uma boa limpeza de baia e muitos outros planos especiais e ações.
Você deve criar os animais como um grupo, mas tratar cada um de forma
individual para ter certeza de que cada suíno viverá mais do que seu potencial
genético permite.
Fonte:Retirado do site pixdaus.
Entretanto, uma única
doença pode parar com toda a trajetória do seu programa, de acordo com Dale A. Hendrickson,
USA. “Por isso é importante ter um sólido programa sanitário, incluindo
vacinações, para ajudar a prevenir doenças e tratamentos que tenham uma rápida
ação contra doenças quando elas ocorrem”, ele explica.
Existem três tipos
principais de agentes causadores de doenças: vírus, bactérias e parasitas.
A infecção viral não responde ao tratamento com antibióticos. Algumas doenças
virais podem ser prevenidas pela vacinação dos suínos antes que ocorra um
surto: PRRS, PCV2 e SIV são exemplos de doenças virais suínas.
Bactérias são organismos
unicelulares que causam doenças. A maioria dos patógenos
bacterianos respondem aos tratamentos com antibióticos como: Streptococcus suis, Haemophilus
parasuis, Mycoplasma
hyopneumoniae, Erysipelothrix
rhusiopathiae ou Lawsonia
intracellularis.
Figura: Imagem em 3D do virus da influenza, H1N1. Fonte:Retirada do site news.sky.
PARANDO A DOENÇA NO SEU CAMINHO
Existem duas armas de
defesa importantes para se manter os suínos saudáveis, segundo o Dr. Hendrickson: “Primeiro, use vacinas para prevenir
doenças”, ele acrescenta, “as vacinas necessitam de tempo para trabalhar no
corpo do suíno e criar uma imunidade, então elas precisam ser administradas
antes que o animal seja exposto à doença para a qual se está vacinando”.
Trabalhe com o veterinário para determinar quais as vacinas que você necessita
para proteger seus animais contra as doenças.
Mesmo sendo implantado
um ótimo programa de vacinação, os animais ainda podem adoecer. Se isso
acontecer, informe-se com seu veterinário para determinar a causa. A maioria
das infecções bacterianas responde rápido aos antibióticos. Tenha cuidado ao
ler e seguir as instruções contidas na bula e observe o tempo de carência para
o abate dos animais.
“Os antibióticos são
usados para tratar doenças bacterianas” diz o Dr. Hendrickson.
Eles matam ou inibem o crescimento das bactérias que podem ser a causa dos seus
animais estarem doentes. Nem todos os antibióticos são eficientes contra todas
as bactérias, portanto leia a bula e trabalhe com o veterinário na escolha do
produto mais eficiente no tratamento da infecção dos seus animais.
DOENÇAS COMUNS PARA SE PREOCUPAR
Doenças do complexo
respiratório suíno - incluem o vírus PCV2, Mycoplasma
hyopneumoniae, Pasteurella
multocida, Actinobacillus
pleuropneumoniae e Haemophiilus
parasuis, compondo assim o complexo respiratório.
1- Circovirose:
Manifesta-se sob diversas formas clínicas, sendo a mais importante e freqüente
a Síndrome Multissistêmica do Definhamento dos suínos
(SMD). O PCV2 é um vírus patogênico que está disseminado em rebanhos suínos do
mundo todo onde a suinocultura é praticada. O diagnóstico da SMD deve ser
realizado com base na combinação entre os sinais clínicos, lesões macro e
microscópicas e detecção de antígenos ou ácido nucléico viral nos tecidos dos
suínos afetados. A imunohistoquímica
(IHQ) é bastante utilizada para demonstrar a infecção por PCV2.
2- Pneumonia enzoótica (PE) (causada por M. hyopneumonie)
é uma doença crônica infecciosa, muito contagiosa, caracterizada por uma
broncopneumonia catarral que, clinicamente, manifesta-se por tosse seca, atraso
no ganho de peso, alta morbidade, baixa mortalidade e, geralmente, cursa com
complicações broncopulmonares purulentas. A presença
de sinais clínicos associados às lesões macroscópicas leva a suspeita da PE. A avaliação dos sinais clínicos juntamente com índices
produtivos do lote e da granja e a inspeção de um número adequado de
pulmões corrobora para construção de uma suspeita fundamentada
3- Pasteurella
multocida / Bordetella
bronchiseptica: A rinite atrófica
progressiva é uma doença infecto-contagiosa, de
evolução progressiva e crônica, caracterizada por hipotrofia ou atrofia dos cornetos
nasais, acompanhada por diferentes graus de distorções faciais, como desvios
laterais da narina e braguinatia superior. Mantêm-se
de forma crônica nos rebanhos, sem mortalidade. É uma doença de etiologia
complexa, multifatorial, com carácter
enzoótico, evolução progressiva e crônica, e que se
mantêm nos rebanhos sem causar mortalidade, que pode ser diagnóstica através da
cultura bacteriana.
4- Actinobacillus
pleuropneumoniae: Para o diagnóstico devem ser
considerados os sinais clínicos, as lesões dos cornetos e a caracterização
dos agentes etiológicos através do diagnóstico laboratorial. O isolamento
pode ser realizado a partir de suabes nasais e de
tonsilas. O material colhido deve ser enviado o mais rápido possível ao
laboratório, de preferência em meio de transporte sob refrigeração.
5- Haemophilus parasuis: A
Doença de Glasser é uma doença infecciosa septicêmica que se caracteriza por inflamação fibrinosa das serosas, podendo ocasionar pleurite, pericardite,
peritonite, artrite e meningite, em várias combinações. As perdas econômicas
são devidas à mortalidade de leitões, ao elevado número de refugos entre os
sobreviventes e à depreciação das carcaças dos animais afetados. O diagnóstico
depende das características clínico-patológicas e da intuição do
veterinário. A confirmação é feita pelo isolamento do agente a partir de
leitões doentes, não medicados. A presença do fenômeno de satelitismo na
presença de estria alimentadora de Staphylococcus
sp. é um bom indicador da presença do agente.
Resultados negativos de cultivo podem significar que o agente está presente em
baixos títulos na amostra, que houve excesso de tempo entre a morte e o
cultivo, que o animal foi medicado ou a colheita, manuseio e transporte da
amostra foram feitos de formas inadequadas.
OUTRAS DOENÇAS IMPORTANTES
Erisipela é uma doença
altamente contagiosa causada pela bactéria Erysipelothrix
rhusiopathiae. Casos severos dessa doença são
mais fáceis de diagnosticar porque os suínos terão lesões de pele em formato de
losangos, febre e artrite. A doença pode caminhar para casos mais graves e
levar até a morte. Pode-se disseminar facilmente de suíno para suíno, então é
melhor ter seus animais vacinados contra erisipela. A infecção deve ser
diferenciada de outras que cursam com lesões septicêmicas,
entre as quais as causadas pelo Actinobacillus
suis, Salmonella choleraesuis
e Streptococcus sp.
Lesões cutâneas com outras etiologias também devem ser consideradas, como as da
dermatite e nefropatia.
Figura 3: Erisipela:
Lesões de pele característica da doença, em forma de diamante.
Fonte:Retirado do
site coloradodisasterhelp.
Streptococcus suis causa uma infecção
bacteriana quando associada com quadros de doença respiratória. Geralmente,
ataca os suínos quando eles já estiverem doentes com alguma outra doença
concomitante. Podem aparecer sintomas nervosos que incluem depressão, tremores,
incoordenação, cegueira, paralisia e convulsões ou pedalagem e até morte súbita. Além de meningite, a mesma
bactéria pode causar septicemia, pneumonia, endocardite, artrite e,
ocasionalmente, endometrite e aborto. O diagnóstico
presuntivo pode ser estabelecido pelo histórico, sinais clínicos e lesões
presentes em suínos necropsiados. Os exames
bacteriológicos de suabes colhidos das meninges ou do
líquido cefalorraquidiano e o histopatológico de
fragmentos do encéfalo, incluindo as meninges, são indispensáveis para a
confirmação do diagnóstico. O líquido cefalorraquidiano se constitui em
excelente material para isolamento do S. suis, nos casos agudos, que
cursam com sinais nervosos.
A Ileíte
afeta o intestino delgado dos suínos e conseqüentemente sua digestão. O agente
etiológico é uma bactéria intracelular obrigatória, Lawsonia
intracellularis. A ilieíte
apresenta duas formas distintas, a forma aguda/hemorrágica, que acomete animais
de reposição e na fase de terminação próximos à idade de abate e é
caracterizada por diarréia sanguinolenta e morte súbita; e a forma crônica, que
acomete leitões em crescimento e é caracterizada por redução do ganho de peso,
e por vezes, diarréia transitória. Os suínos com ileíte,
geralmente, tem uma diarréia aquosa e perda gradual de peso. Essa doença pode
levar a perdas sanguíneas e a anemia culmin ando
Ileíte: Proliferação da mucosa
com projeção acentuada das pregas.
Vermes redondos.
Parasitas internos são comuns
Dica
baseada no artigo “Raising a Champion”,
em thepigsite.
CODIGO |
EXAMES |
PRAZO DIAS |
S73 |
DIAGNÓSTICO ENTÉRICO – DIARRÉIA -
Pesquisa de Escherichia coli, Clostridium perfringens e C.dificilli e Salmonella sp com
antibiogramas; Material: 1 swab
retal ou fragmento de alça intestinal sob refrigeração (não congelar). |
5 |
S51 |
BACTERIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO -
Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae, Bordetella bronchseptica, Haemophillus parasuis, Pasteurella multocida e antibiogramas. Material: swabs nasais e de pulmão ou estes órgãos (cabeça e
pulmão) sob refrigeração (não congelar). |
5 |
S07 |
Mycoplasma hyopneumoniae - MH KIT DAKO Método
ELISA, Material soro sob refrigeração. |
3 |
S08 |
Mycoplasma hyopneumoniae - MH KIT IDEXX Método
ELISA, Material soro sob refrigeração. |
3 |
S05 |
Pasteurella multocida TOXIGÊNICA - Método
ELISA, Material soro sob refrigeração. |
2 |
S56 |
APP - Método ELISA, Material soro sob
refrigeração. |
3 |
S55 |
APP - MÉTODO Soroaglutinação
lenta, Material sangue total ou soro sob refrigeração. |
5 |
S09 |
APP - MÉTODO TESTE BAHIA Material
sangue total ou soro sob refrigeração. |
5 |
S58 |
Haemophillus parasuis;
Método sorologia, Material soro sob refrigeração. |
5 |
S52 |
Erisipella – Método ELISA,
Material soro sob refrigeração. |
3 |
S16 |
ISOLAMENTO-estreptococcus suis – Método
cultura, Material Cabeça ou swab do sistema nervoso
central sob refrigeração, sem congelar. |
5 |
“Referencias
disponíveis com autor, se necessário consulte-nos."
EQUIPE DE VETERINÁRIOS - TECSA Laboratórios
Primeiro Lab. Veterinário certificado ISO9001 da
América Latina. Credenciado no MAPA.
PABX: (31) 3281-0500 ou 0300 313-4008
FAX: (31) 3287-3404
RT - Dr. Luiz Eduardo Ristow CRMV MG 3708
WWW.TECSA.COM.BR
POR 20100213 ENGORPART POR 20100213