Marlon.

P.Sou estudante de zootecnia e queria saber como anda os trabalhos de melhoramento genetico das raças de suínos mais rusticas, principalmente sobre o Piau e a evolução genetica da raça.

R.A respeito da sua consulta sobre SUÍNOS PIAU, o que poderíamos lhe ajudar segue abaixo:

Origem: Brasil, ( Sul de Goiás, Triângulo Míneiro, e Noroeste do Estado de São Paulo).
Pelagem: Oveira (Branca-creme, com manchas pretas) Piau
Orelhas: Intermediárias entre Ibéricas e Asiáticas
Perfil Cefálico: Retilíneo e Subconcavilíneo
Característica: Alta rusticidade.

A maior concentração da raça Piau, até a década de 70 foi na bacia do rio Paranaiba, onde existia naquela época grandes criadores.

E me parece que a formação da raça Piau, foi originada dos cruzamentos de animais Canastra, com Polland-China e Duroc, e existia grande variabilidade entre os animais Piau, onde encontrávamos animais Piau: Grandes, Médios, e Pequenos.

O trabalho inicial de seleção, foi desenvolvido pelo incansável Prof: A.TEIXEIRA VIANA,(medico-veterinário e zootecnista), na Fazenda Experimental de Criação de São Carlos (SP), por volta de 1.939 partindo de um núcleo de 5 machos e 21 Fêmeas, e foi procurado utilizar animais mais uniformes, e os de porte mais desenvolvidos, boa conformação, e pelagem característica, para diminuir a grande variabilidade que existia até então.

PADRÃO DA RAÇA PIAU.

O trabalho de melhoramento da raça PIAU, que o Dr. A.TEIXEIRA VIANA desenvolvia pretendia obter um animal com as seguintes características:

Cabeça: De tamanho médio e perfil subcôncavo. Testa achatada entre os olhos. Focinho de mediano comprimento. Pouca papada, sem brincos. Olhos bem afastados.

Orelhas: De comprimento e largura médios. Caídos para os lados e para baixo (tipo Ibérico).

Pescoço: Médio e cheio, em proporção ao ombro, apresentando boa inserção.

Peito: Largo e profundo.

Espáduas: Largas, medianamente niveladas e cheias, acompanhando a largura do dorso.

Dorso: De largura média. Comprido e ligeiramente arqueado. E animais que apresentavam tendência a celar eram eliminados.

Lombo: De mediana largura, ligeiramente arqueado, sem asperezas.

Ancas: Compridas e arredondadas.

Pernil: Largo cheio até o jarrete e sem rugas.

Cauda: De implantação alta, enrolada, e com cerdas creme (cor de areia), não era desejáveis animais com caída, (rabo de cavalo).

Costelas: Bem formadas, cheias, bem arqueadas e compridas.

Lados: Profundos e espessos, sem reentrância, lisos até à barriga.

Flancos: Grossos, planos e lisos.

Barriga: Cheia, com linhas retas em relação ao solo, tendo 12 tetas de boa conformação e bem colocadas, e os animais que apresentavam menos de 10 tetas ou tetas cegas eram descartados.

Pernas: De forte ossatura, com bons tendões, musculosas e bons aprumos.

Pés: Fortes sólidos, e bem nivelados.

Pêlo: Fino, liso, de distribuição uniforme sobre o corpo, sem redemoinhos.

Pele: Escura ou preta, sem rugas, e o animais que apresentavam manchas despigmentadas na pele (bragados) eram descartados para reprodução.

Côr: Branca-creme (côr de areia), com manchas pretas (70 a 80%) de cor creme e (20 a 30%) de cor preta. As manchas pretas devem ser bem definidas e proporcionalmente distribuídas sobre o corpo.

A respeito de trabalho de melhoramento das raças nacionais, como Piau, Tatu, Pirapitinga, Colher, Junqueira, Nilo, Canastra, Pereira; entre outras; pouco tem sido feito nos últimos anos, e acredito que a falta de interesse dos melhoristas, e com a entrada das novas raças ( Large-White, Landrace, ) a partir de 1970, e outras como Wessex, Pietrain e Duroc, na década seguinte, e a tendência cada vez maior de produzirmos animais mais produtivos, tipo carne, com melhor qualidade de carcaça, melhor conversão alimentar, e carne com maior aceitação no mercado, tem feito com que estas raças nacionais, tipo banha, tem apresentado uma grande diminuição dos planteis nos últimos anos, com uma grande tendência do desaparecimento nos próximos anos.

No meu ponto de vista deveríamos tentar preservar estes animais "tupiniquins", para que pudéssemos pelo menos em algum momento utilizarmos em alguns cruzamentos, (ou até no processo de clonagem), com estas raças importadas, para talvez melhorarmos a rusticidade e maior resistência à algumas doenças.

O Porco PIAU foi a primeira raça Nacional a ser registrada no PBB em 1.989, (Associação Brasileira de Criadores de Suínos), como um cadastro inicial, e talvez, este procedimento tenha sido uma única, e última tentativa de preservar a espécie, e no período entre 1989 e 1995 foram registrados pouco mais de 1.000 animais. E nos últimos 6 anos me parece que não houve mais nenhum registro genealógico da raça.


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